Visitas

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Discurso


Mais do que um discurso,
o texto de apresentação escrito por Paulo para a sessão de lançamento do livro
pode ser acolhido como base de reflexão e trabalho pedagógico.
Por isso não me senti no direito de o fragmentar,
por isso o publico aqui na sua totalidade...


«

Um Menino Constelação
Ao lermos esta história, num primeiro momento, poderemos ficar com a impressão de que Tristão poderá ser uma criança “triste” ou desconsolada. Ou até, visto como um menino que personifica a melancolia e o desgosto de viver sozinho no universo das quimeras, habitando no negrume que acalenta os receios, que faz emergir a dificuldade em enfrentar o desconhecido. No entanto, paradoxalmente, trata-se de uma criança que vive na busca franca da Felicidade, rumando aos contornos singulares da Claridade no centro do seu Mundo interior.
Junto da sua Árvore-Abrigo, fascinado pela procura plena de aventuras,Tristão percebera uma verdade nunca antes revelada:
Brilhar não é fulgurar no Mundo, pois no Mundo rebrilha a derradeira estrela da solidão, um lume que ateia o centro da alma e faz crescer o âmago desabitado dos homens.
Algo que até ao dia em que decidiu rumar pelos céus da noite era para si um enigma, parecia, então, transformar-se numa dádiva ou revelação, projectando assim, um rasto clamoroso de esperança no firmamento.
Daquela forma simples, Tristão reconhecera que «Estar só é uma ventura que invoca a parte interior e a exterior do Amor, pois mesmo que uma água de lágrima desça do âmago das estrelas, também o seu brilho anuncia o fulgor imenso da alegria, mesmo que gerada numa ínsula de quieto isolamento
Na verdade, nesta História, Tristão revela-nos uma cadência de sonhos que se enlaçam nos ensejos da redenção, atenuando a neblina do temor causada pela súbita pulsação das noites em que adormecemos.
Por isto, aquela noite, foi mais que o cenário de uma conquista sonhada. Foi um mergulho na liberdade eterna. Uma investida na extensa grandeza, para além do mundo terreno, rodopiando na aridez da consciência, sobre a extensão dos Tempos.
Naquele contemplar comandado pela sua alma, sobretudo inflamada pelos astros da penumbra celestial, o Menino viveu uma quietude nunca antes experienciada.
Talvez Tristão soubesse o que mais ninguém sabia. Algo que não era aclarado simplesmente pelas palavras:
Todo o espaço apagado entre as Estrelas é mais que a baixa sensibilidade do olhar. Se olharmos os nossos lugares interiores iremos descobrir muito mais que luz, decerto um cintilar apagado, onde os corpos da união coabitam e se propagam em segredo, numa constelação de sentidos!
»
Paulo José Costa
Leiria, 15 de Junho de 2013


Sem comentários:

Enviar um comentário